sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O militar e a política

O militar foge da política como o diabo foge da cruz. Querer falar de política junto à família militar é angariar antipatia e encontrar resistências daqueles que estão na reserva do “exército dos apolíticos”, daqueles que não gostam de política e não votam em militar.
A esses companheiros, com pesar, tenho lhes dado os meus mais sinceros pêsames!
Sabe por quê? Vou lhe dizer.
Quando se trata de reivindicar o aumento dos vencimentos e proventos, são as esposas que, corajosamente, vão bater panelas na frente do Congresso Nacional, enquanto, nós, disciplinados e ordeiros, ficamos acantonados nos quartéis. Que belo exemplo (das nossas esposas) para os nossos filhos.
E mais, quando se trata de opinar sobre o que melhor atende aos interesses da Força, como no caso da compra dos aviões pela FAB, a nossa opinião não vale nada, pois além de não sermos ouvidos, somos, simplesmente, ignorados. Quanto e quem ganha com isso? E tudo porque somos apolíticos.  
Pura bobagem. Enquanto pensarmos assim, vamos ficar marcando passo. Essa história de bater no peito cheio de medalhas, dizendo que somos apolíticos, de esbravejar que militar não gosta de política e não vota em militar, que na política só existem corruptos e o militar não se corrompe precisa acabar.
Quem é que disse que para estar na política é preciso ser corrupto?   Também, é bom que se diga: nem todos os civis que militam na política, graças a Deus, são desonestos.
Como já dizia Arnold Toynbee, célebre historiador inglês: "O castigo maior para quem não gosta de política é ser governado pelos que gostam dela".
Veja o drama político atual, sinta e constate quem adora política. Estamos entre a cruz e a caldeirinha: se correr o bicho pega (Serra) e se ficar o bicho come (Dilma). Ambos “morrem de amores pelos militares”.
De nada adianta prantear o defunto dentro dos Clubes, Círculos e Associações Militares, de escrever belos e patrióticos artigos nos jornais, e pela internet, para extravasar a nossa indignação. Isso não vai resolver os nossos problemas e, tampouco, os problemas que afligem o povo brasileiro.
Se não contarmos com uma forte representatividade no Congresso Nacional, vamos continuar sendo, simplesmente, componentes das Forças Armadas, obsoletas, desnutridas, desmotivadas, desequipadas, e sem força alguma; assistindo, passivamente, por exemplo, um conceituado chefe militar como o General Maynard Marques de Santa Rosa ser destituído de suas funções, simplesmente porque ousou dizer a verdade.

Carlos Gomes da Silva

Vereador-Piracicaba/SP


Postado pelo citado autor na internet em 2010.

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